Curva do esquecimento e o efeito Revisão I: levando as revisões a sério!

     Olá, estudante, como vão os estudos? A conversa de hoje é sobre os “estragos” que uma revisão errada ou não feita podem fazer, além de dicas de como fazer corretamente. Claro, técnicas de estudo para concursos são sempre um laboratório, quer dizer, você testa e adapta da forma mais eficiência para você. Algumas coisas que funcionam para mim podem não surtir o mesmo efeito para você, portanto a lógica é adaptação sempre. Evidentemente,  
                             

algumas coisas são praticamente universais como a resolução de muitos exercícios, bons resumos, ótimos materiais de estudo, revisões corretas etc.

 

Técnicas e pesquisas aplicadas à produtividade nos estudos não são recentes. Uma famosa pesquisa tratando do esquecimento foi feita em 1885 pelo alemão Hermann Ebbinghaus, ele simplesmente provou que  

o esquecimento daquilo que estudamos não é linear e sim uma queda exponencial!

Curva do Esquecimento. FONTE: lendo.org

É aí que está o problema. Nós esquecemos muito rapidamente daquilo que estudamos. Em concursos públicos não contornar (eliminar) esse problema é simplesmente fatal, haja vista a imensa quantidade de conteúdo a ser digerida em curto espaço de tempo.

A salvação está nas REVISÕES PERIÓDICAS.

         Detalhe: a periodicidade tem de ser adequada! Ah, mas eu tenho muita matéria para estudar, como vou revisar simultaneamente aos estudos? Simples, você terá de ter uma planilha ou agenda na qual deverá anotar as datas das revisões, sim todas as revisões! Sem revisão não há salvação! Alegre-se, as revisões são muito mais rápidas que o estudo dos livros, PDFs ou tempo que você passa assistindo vídeo aulas! Aliás, serão cada vez mais rápidas. Chegará um momento que você lembrará, em segundos, de todo o conteúdo do resumo só de olhar para ele. O professor Pier sempre deixou claro que não há estudo sem haver um lápis/caneta trabalhando em uma folha de papel, ou seja, “nunca estude sem ter um lápis em atividade sobre um pedaço de papel”. [1]
           Estudo é uma atividade ativa e jamais passiva, isto é, você precisa produzir algo ao mesmo tempo em que lê. Claro, inicialmente, o mais ideal é fazer uma leitura superficial das páginas a serem estudadas, dando atenção aos gráficos, pontos grifados, esquemas, tópicos. A ideia aqui é quebrar a surpresa para o cérebro, ele não se dá bem com isso. Por acaso você já se pegou estudando e de repente…folheou as páginas seguintes para ver quantas restavam e pensou algo como “poxa vida, ainda restam x páginas, que coisa chata”? Se pensou algo assim, saiba que você pode ter “matado” sua sessão de estudos! A leitura superficial com estabelecimento de metas (quais páginas irá estudar) antecipadamente eliminam esse problema. Feita a leitura superficial é hora de partir para os estudos de forma profunda, aqui os grifos (são apenas localização do que é mais importante e não técnica de estudo) podem ser empregados. Renato Alves é taxativo quanto aos grifos, diz ele que se um trecho é tão importante para ser grifado, então deve ser memorizado [não decorado]. Eu acresço que
se um trecho é importante para ser grifado, logicamente tem suficiente importância para ser resumido à mão em papel para revisões posteriores! 

 

           Neste momento, analise atentamente o gráfico acima e verá como o esquecimento da matéria é brutal! Ele irá te mostrar que “a memorização do assunto cai vertiginosamente após 24 horas até o final da primeira semana. Não interessa se esqueceremos exatamente 75, 65 ou 60% após uma semana, o que importa é que a coisa ficará feia para o seu lado se não souber como e quando revisar o que estudou”. [2]
         Logo, não se pode passar mais de 24h sem revisar o que estudou no dia anterior, pois “no segundo dia, se o estudante não tiver feito qualquer revisão do assunto (ler, pensar sobre ele, discutir sobre os tópicos aprendidos…) o estudante provavelmente se esquecerá de 50%-80% daquilo que foi aprendido. Perceba que os estudantes se esquecem mais nas primeiras 24 horas após a aquisição do que ao longo de 30 dias. Perceba que ao final dos 30 dias, restarão apenas 2%-3% de toda informação adquirida no primeiro dia. Assim, ao final dos 30 dias, você terá a impressão de que nunca ouviu falar do assunto estudado, precisando estudar tudo desde o início”. [3]
         Ora, se o maior esquecimento ocorre nas primeiras 24 horas é evidente que não se pode JAMAIS ignorar a primeira revisão que há de ser feita nesse período! Essa é a mais importante de todas e soa quase como uma lei universal de todo concursando. Note que nas primeiras 24 horas o “esquecimento entra quase numa queda livre”.
           A pergunta é: de quantas revisões preciso para inscrever o conteúdo na memória de longo prazo? O alemão provou que precisamos “em média de sete revisões, variando de cinco a nove conforme o conteúdo. E desde que feitas na periodicidade indicada, ou seja, de nada adianta lermos sete vezes em pouco tempo achando que não esqueceremos mais, pois além do número de revisões, também é muito importante que sejam feitas com um espaçamento de tempo correto entre elas”. [4]
         E como deve ser esse espaçamento? Dell’Ísola dá a dica: “uma fórmula interessante de revisão seria a seguinte: para cada hora de aula, faça uma revisão de 10 minutos. Observe que essa revisão deve ser feita nas primeiras 24 horas após a aquisição – período em que ocorre maior parte do esquecimento. Essa revisão será suficiente para “segurar” em sua memória toda a informação aprendida em sala de aula. Uma semana depois (dia 7), para cada hora de aula expositiva, você precisará de apenas 5 minutos para “reativar” o mesmo material, elevando a curva para 100% mais uma vez. Ao final de 30 dias, você precisará de apenas 2-4 minutos para obter novamente os 100% da curva de aprendizagem”. [5]

Quer dizer, “feita a primeira revisão no máximo após 24 horas do estudo do conteúdo novo, o ideal é que façamos outra revisão após uma semana e as próximas a cada 30 dias. Existem outras formas indicadas por especialistas para a periodicidade das revisões, mas esta é a que considero como mais produtiva no nosso meio [mundo dos concursos públicos]”. [6]

Continuamos no artigo seguinte, abaixo. Até já!
Bons e produtivos estudos!

Referências
[1] PIAZZI, Pierluigi. Aprendendo inteligência: manual de instruções  do cérebro para alunos em geral. 2ª ed. São Paulo: Aleph, 2008, p.61.
[2] Meirelles, Alexandre. Como estudar para concursos. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2011, p. 157.
[3] DELL´ÍSOLA, Alberto. A curva do esquecimento. Disponível em < http://www.dicas-l.com.br/aprendizagem-acelerada/aprendizagem-acelerada_20100315.php> Acesso em 10/02/16.
[4] Meirelles, Alexandre. Como estudar para concursos. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2011, p. 158.
[5] DELL´ÍSOLA, Alberto. A curva do esquecimento. Disponível em < http://www.dicas-l.com.br/aprendizagem-acelerada/aprendizagem-acelerada_20100315.php> Acesso em 10/02/16.
[6] Meirelles, Alexandre. Como estudar para concursos. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2011, p. 159. 
FONTE IMAGEM: http://www.lendo.org/como-estudar-enem/

 

Você pode gostar...